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Infelizmente, o coronavírus virou batalha política no Brasil

O remédio para o vírus não é nenhuma poção de curandeiro. É a paz nos corações e nos espíritos. Vamos deixar para divergir e antagonizar em outros temas


postado em 30/03/2020 04:00 / atualizado em 30/03/2020 08:13

(foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
(foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
O Brasil, por culpa de seus próprios erros, vem padecendo de uma longa e sofrida enfermidade. Desde 2014, nossa economia parou de crescer. Hoje, nossa renda por habitante está abaixo do que era em 2010. Quem clama agora que o país não pode parar certamente ignora o fato de que já estamos parados há mais de 10 anos.
 
Nossa situação já seria miserável sem que nada de mais nos acontecesse. E, no entanto, algo aconteceu. De repente estamos no meio de uma pandemia universal, causada por um vírus novo, com um poder extraordinário de contaminação que os sistemas de saúde de todos os países, mesmo os mais ricos, não têm recursos suficientes para enfrentar.
 
Não é preciso ser especialista para reconhecer que a difusão do coronavírus é fruto dos modos de vida criados pela tecnologia. As distâncias físicas que separavam a humanidade desapareceram. Hoje, mesmo se a política quiser nos confinar em tribos exclusivas, o comércio e o turismo nos lançam no mais estreito convívio. Somos todos vítimas e só venceremos juntos. Globalistas ou não, estamos todos no mesmo barco. A natureza não reconhece fronteiras inventadas pelos homens.
 
A doença, por si mesma, não parece ser de elevada letalidade. Na China, de 81.340 casos confirmados, apenas (se é que nessa matéria se pode dizer apenas) 3.392 levaram à morte dos doentes. Uma porcentagem pouco maior que 4%. Nos Estados Unidos, até a tarde de 26 de março, de 93.500 casos resultaram 1.433 mortes, 1,5%. Embora muito mais letal do que a gripe comum, o que torna esta pandemia diferente é a velocidade do contágio e a natureza de seus efeitos sobre o pulmão desde as primeiras horas. Enquanto a quase a totalidade dos casos de gripe dispensa internação hospitalar, no coronavírus a taxa de internação é alta, como também são muito elevados os casos em que há necessidade de tratamento intensivo, com ventilação artificial. Na ausência de leitos e ventiladores, o número de mortes será enorme.
 
Nossos sistemas de saúde não foram planejados para essas demandas excepcionais. Se a velocidade da contaminação não for contida, os sistemas entrarão em colapso, o número de mortes crescerá exponencialmente e será instalado o caos social, inclusive obrigando médicos a escolher quem vai viver e quem vai morrer. Qual sociedade suporta tais escolhas sem profundos conflitos? Nos Estados Unidos, país mais rico do mundo, estimou-se, no fim de semana, que o déficit de ventiladores era de 170 mil unidades. No Brasil, em mais de 5 mil municípios, qual será?
 
Por essa razão, a única estratégia para enfrentar a pandemia com os menores danos possíveis é a contenção. E a contenção só pode ser alcançada por meio do distanciamento social e da moderação da vida urbana. Quem seguiu esse método, como a China, conseguiu conter a propagação e compatibilizar os casos com os recursos. Quem tardou em seguir a razão, como a Itália, terminou com uma explosão de casos e o colapso de um sistema de saúde que, até então, era padrão de excelência. A Itália, até o fim de semana, já contava 86.498 casos, mais do que a China, com seus mais de 1,4 bilhão de habitantes, e 9.134 mortes, quase três vezes mais.
 
Apesar de tratar-se de uma coisa muito grave e tão clara e simples para qualquer mente capaz de algum discernimento, o caso do coronavírus transformou-se numa batalha política no Brasil. Quem prega o isolamento e a contenção para pausar a propagação da doença na medida dos nossos recursos sanitários está tramando contra o governo e suas políticas. As pessoas morrem de qualquer jeito, de câncer ou no trânsito. O intuito da quarentena é afundar a economia para destruir a popularidade do presidente.
 
Que haja gente, até com certa instrução, que pensa dessa maneira talvez explique por que o Brasil, com todos os seus recursos, ainda é tão pobre. O remédio para o vírus não é nenhuma poção de curandeiro. É a paz nos corações e nos espíritos. Vamos deixar para divergir e antagonizar em outros temas. Eles não faltarão!

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